Vítimas do massacre em Realengo não são bem atendidas, avalia deputado

O deputado Roberto de Lucena (PV-SP), que, junto com outros cinco parlamentares, visitou a escola de Realengo, no Rio de Janeiro (RJ), que sofreu o ataque de um atirador em abril deste ano, afirmou que muitas vítimas não estão recebendo os cuidados médicos necessários. Segundo Lucena, as famílias dos jovens também não contam com apoio psicológico. A visita dos parlamentares à escola, onde 12 alunos morreram em consequência do ataque, foi feita no último dia 8 de julho.

Para Roberto de Lucena, o apoio do governo municipal às vítimas foi interrompido assim que o tema saiu das manchetes dos jornais. “Junto com o silêncio da mídia, houve o silêncio das autoridades. São inúmeros os casos de urgência de procedimentos médicos, mas, mesmo assim, não há vontade política para que essas situações sejam resolvidas”, afirmou.

Também participaram da visita à escola os deputados Chico Alencar (Psol-RJ), Neilton Mulim (PR-RJ), Liliam Sá (PR-RJ) e Keiko Ota (PSB-SP). No encontro, uma associação das famílias das vítimas fez reivindicações para melhoria da segurança nas escolas, como a instalação de detectores de metal nas escolas; marcação de horário para recebimento de visitantes, fora do horário escolar; avaliações psicológicas periódicas dos alunos e registro de possíveis problemas; atuação permanente de profissionais da área de segurança, como policiais ou bombeiros, nos colégios; e tratamento psicológico contínuo para as famílias das vítimas de Realengo.

Vítima de bullying

O relato da visita foi feito durante reunião da Frente Parlamentar de Combate ao Bullying e outras Formas de Violência. Roberto de Lucena, que é coordenador do grupo, afirmou que os casos de intimidação nas escolas devem ser combatidos para evitar reações violentas.

O atirador que matou as crianças e logo depois se suicidou, Wellington Menezes de Oliveira, era ex-aluno do colégio de Realengo. A sua carta de despedida e depoimentos de ex-colegas indicam que o criminoso havia sofrido perseguição quando era estudante. “Quase todo mundo que eu conheço já foi vitima de bullying. A grande maioria não saiu por aí despejando sua fúria. Mas hoje nós temos um ambiente hostil em nossas escolas que precisa ser interrompido para que não ocorra o que aconteceu em Realengo”, alertou o deputado.

O representante da Confederação Nacional das Associações de Pais e Alunos, Luiz Claudio Megiorin, que participou do encontro, também destacou a necessidade das medidas de prevenção ao bullying. “Essa é uma forma de violência muito cruel e sutil que atinge não somente os jovens, como também todo o corpo social da escola”, disse.

Projetos de lei

Hoje, segundo dados da frente parlamentar, tramitam na Câmara 15 projetos de lei com propostas de combate ao bullying. As propostas preveem desde a obrigatoriedade da divulgação de campanhas publicitárias contra a intimidação nas escolas até a tipificação do crime de bullying.

Uma delas obriga as escolas públicas e privadas de ensino fundamental a manter psicólogos em seus quadros de pessoal (PL 1691/11). A ideia é que esses profissionais prestem atendimento aos estudantes vítimas de bullying e a suas famílias. “Precisamos ter em cada escola um profissional especializado para identificar transtornos antes que eles se tornem tendências e se materializem em forma de violência”, disse Roberto de Lucena.

O deputado informou que a frente deverá realizar uma força-tarefa para a aprovação das propostas. O objetivo é conversar com o presidente da Câmara, Marco Maia, e com os líderes partidários para que os projetos tramitem rapidamente nas comissões.

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