Dia Internacional dos Povos Indígenas: Roberto de Lucena conclama à sociedade para participar na luta a favor de crianças indígenas

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no último dia 9 de agosto, foi comemorado o Dia Internacional dos Povos Indígenas, instituído pela ONU, a Organização das Nações Unidas, no ano de 1995. A data, senhores, representa um momento de reflexão sobre a responsabilidade dos países em atender e integrar a população indígena.
No Brasil, entretanto, há poucos motivos para se comemorar. Infelizmente, a violência contra as crianças é uma marca triste da sociedade brasileira, registrada em todas as camadas sociais e em todas as regiões do País. No caso das crianças indígenas, o agravante é que elas não podem contar com a mesma proteção com que contam as outras crianças, pois a cultura é colocada acima da vida e suas vozes são abafadas pelo manto da crença em culturas imutáveis e estáticas.
O antropólogo e teólogo Ronaldo Lidório, entre outros, já chamou atenção para os assassinatos de crianças que ocorrem nas culturas indígenas. As organizações que supostamente defendem os direitos indígenas são deliberadamente omissas em relação à violência sofrida por centenas de crianças, muitas delas assassinadas de forma cruel.
De acordo com o Censo Demográfico de 2000, para cada mil crianças indígenas nascidas vivas, 51,4 morreram antes de completar um ano de vida, enquanto, no mesmo período, a população não-indígena apresentou taxa de mortalidade de 22,9 crianças por cada mil. Curiosamente, nas notícias do IBGE e do Ministério da Saúde, não há qualquer explicação da causa mortis.
Do ponto de vista antropológico, o Brasil é um dos países mais radicais na defesa do não intervencionismo e relativismo cultural. Com a desculpa de que precisamos preservar costumes e tradições, Sr. Presidente, os antropólogos brasileiros chegam a denunciar missionários que tentam salvar crianças que são enterradas vivas por suas próprias famílias.
A matéria da Revista VEJA, edição de 15 de agosto de 2007, denuncia essa criminosa e imoral insensibilidade, trazendo uma visão favorável à ação de missionários que se têm colocado contra a prática do infanticídio em comunidades indígenas do nosso País.
Nós devemos dizer que eles não estão sozinhos. A vida de uma criança indígena não vale menos do que a vida de uma criança não-indígena. E apenas uma única vida vale infinitamente mais do que qualquer patrimônio cultural. Os que dizem o contrário estão afirmando que práticas terríveis e preconceitos arcaicos devem ser preservador se forem antigos demais.
Por isso, nessa data e sempre, convoco a sociedade e os representantes no Congresso Nacional, no Governo, nas igrejas e entidades de defesa dos direitos humanos, a se juntarem a nós na missão de lutar pela defesa da vida das crianças indígenas no Brasil.
Que Deus abençoe os povos indígenas! Que Deus abençoe o Brasil

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