Solidariedade às vítimas das enchentes no Rio de Janeiro

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o ano de 2011 iniciou-se trazendo para nós a imensa dor, como povo brasileiro, provocada pela morte de mais de 900 pessoas na região serrana do Rio de Janeiro, principalmente nas cidades de Teresópolis e Nova Friburgo.

Acompanhamos, em estado de choque, o sofrimento dos nossos irmãos, que contabilizaram danos e perdas materiais e, sobretudo a perda irreparável de entes queridos.

O Brasil se mobilizou, demonstrando mais uma vez o seu espírito solidário e o seu coração generoso. E sob a aura dessa comoção estendeu a sua mão ao povo do Rio de Janeiro, num esforço conjunto com o Estado e a União, que prontamente reagiram à tragédia e empregaram toda a sua estrutura com o objetivo de amparar as vítimas e auxiliar as Prefeituras municipais na gerência da situação e na reconstrução da infraestrutura afetada, de forma a permitir a retomada da normalidade, se é que assim se pode dizer da vida na região.

A infeliz ocorrência chamou a atenção da sociedade para a proposta de alteração do Código Florestal brasileiro, relatada pelo ilustre Deputado Aldo Rebelo e debatida nesta Casa.

O custo de nossa exagerada tolerância em relação ao intolerável no que diz respeito à ocupação urbana e da nossa irresponsabilidade, que chamamos de flexibilidade em algumas situações, tem sido elevado demais.

O Brasil precisa estar atento a esse debate, em nome do nosso compromisso com as futuras gerações.

Esta Casa não pode ser a portadora de más notícias para o Brasil e para o mundo, aprovando, concordando o que se pretende com o novo Código Florestal, em nome da contemplação de interesses dúbios, difusos, inconsequentes.

Passados poucos mais de 60 dias, ninguém mais fala no assunto. A mídia se calou, a imprensa nada mais mostra e os discursos inflamados se silenciaram nesta Casa a respeito da tragédia do Rio. Apequenou-se o tema, parece-me.

Como estão aquelas cidades? O que tem sido feito em continuidade? Que programas de apoio, inclusive de linhas de crédito, foram abertos para pessoas físicas, empresas e comércio? Que ação social tem sido desenvolvida?

Agora, passada a emoção e a comoção, convém lembrar que a vida lá ficou muito mais difícil depois de tudo o que ocorreu e que as necessidades, as demandas, ainda são muitas.

Parece-me que o advento do carnaval apagou da nossa agenda do dia esse assunto e nos sequestrou a percepção e a humanidade.

Aliás, Sr. Presidente, sem qualquer falso moralismo, que abomino, penso que fosse o Brasil um país mais sério, o carnaval seria cancelado em todos os nossos 5.565 Municípios, em respeito à memória dos que perderam as suas vidas e em respeito aos familiares enlutados.

Em vez disso, cerca de 40 milhões de reais de recursos públicos foram destinados a ele, e isso exatamente num momento de contingenciamento do Orçamento da União. Em vez disso, o Brasil se permitiu uma catarse coletiva, se encheu de cores e de sons e fez de conta que Janeiro não aconteceu.

Eu, sinceramente, me envergonho disso, como membro do Congresso Nacional.

Mas finalizo a minha palavra expressando a minha sincera expectativa de que continuemos ao lado do povo do Rio de Janeiro no seu esforço pela recuperação e pela reconstrução da região serrana e no amparo às famílias vitimadas pela tragédia de janeiro.

Finalizo deixando essa reflexão.

Obrigado, Sr. Presidente.

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