Seis milhões de brasileiras são condenadas a dores lancinantes todos os meses

Endometriose é diagnosticada no Brasil só depois de sete anos de sofrimento intenso, em médiaSeis milhões de brasileiras são condenadas à dores lancinantes, todos os meses. São cólicas que se somam aos períodos de menstruação que, de tão intensas, as impedem de trabalhar, estudar ou participar de quaisquer atividades de lazer.

Essas seis milhões de brasileiras são vítimas da endometriose, doença conhecida desde 1960, mas que é diagnosticada no Brasil, em média, só depois de sete anos de sofrimento intenso.

A endometriose compromete gravemente a saúde e a qualidade de vida feminina, com impactos na sua convivência produtiva, social, cultural e até mesmo afetiva. Pois essas dores são intensificadas, na maioria dos casos, no momento da relação sexual.

A causa da demora, conforme o ginecologista do Hospital das Clínicas de São Paulo e presidente da Sociedade Brasileira de Endometriose, Maurício Abraão, relatou à jornalista Lívia Machado, do iG São Paulo, “é consequência da procura tardia da paciente por um especialista, e da falta de instrução e conhecimento dos médicos”.

Segundo o especialista, “cólicas menstruais severas não podem ser tratadas como um fator simples, comum a toda mulher. Muitos médicos não investigam as queixas das pacientes. Ginecologista sempre tem de pensar na endometriose”, assevera.

Se falta instrução e conhecimento dos médicos por um lado em serem capazes de diagnosticar rapidamente a endometriose, falta também estímulo dos gestores públicos de saúde em adotar políticas públicas que levem a sério uma doença que por causa da dor intensa, e das suas consequências, compromete a vida e a qualidade de vida de seis milhões de brasileiras.

Os sintomas são amplamente conhecidos pela medicina brasileira e sistematicamente desprezados pelos gestores da saúde pública brasileira, na avaliação de Roberto Lucena, deputado federal pelo PV de São Paulo e presidente da Frente Parlamentar da Luta Contra a Endometriose.

Segundo o ginecologista do Hospital Sirio Libanês, João Dias, a doença pode ser provocada por motivos variados. Propensão genética, estresse, fluxo menstrual retrogrado (saída de pequenas quantidades de sangue pelas trompas uterinas), baixa imunidade e gravidez tardia listam os prováveis sintomas.

No Brasil, a endometriose aparece ou só é diagnosticada, na maioria dos casos, em mulheres acima dos 30 anos. Mas pode acometer, também, adolescentes e jovens. Um dos sintomas e consequências da endometriose é a infertilidade.

De acordo com o médico João Dias, “o distúrbio está relacionado ao ciclo menstrual e compromete o sistema imunológico feminino. Ela atinge os ovários, o peritônio, a bexiga ou o intestino e provoca cistos e nódulos, os responsáveis pelas dores fortes e a possível infertilidade.”

O endométrio é o tecido que reveste a cavidade do útero. Durante o ciclo menstrual, o endométrio é preparado pela ação dos hormônios estrogênio e a progesterona, para receber o óvulo, caso haja fecundação. Se ela não acontece, o tecido é descamado e eliminado como sangramento vaginal durante a menstruação. A doença ocorre quando o tecido não é eliminado.

O deputado Roberto de Lucena (PV-SP), mobiliza a Frente Parlamentar da Luta Contra a Endometriose, que preside, para chamar a atenção dos profissionais de medicina e das próprias mulheres para a doença. Mas quer, principalmente, ajudar a construir uma política de saúde pública eficiente para tratar da doença.

Para tornar permanente luta contra a endometriose, o deputado insiste, junto aos seus pares no Congresso Nacional, para incluir o dia 8 de maio, no calendário nacional, como o Dia Nacional da Endometriose.

“Precisamos agir de maneira sistemática e permanente para acabar com o descaso dos gestores das políticas públicas de saúde em relação ao sofrimento e às dores insuportáveis que prejudicam a vida e a qualidade de vida de seis milhões de brasileiras, por falta de diagnóstico, de uma doença já conhecida há mais de 50 anos, e de tratamento também já disponível”, afirma o deputado Roberto de Lucena.

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