Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, hoje rendo minhas homenagens a um homem que marcou e marcará a história de muitas gerações no Brasil e no mundo.
No último final de semana tive a oportunidade de conversar com uma jovem de 20 anos, estudante de arquitetura no Paraná, e de observar seus olhos marejados de emoção pela morte do grande arquiteto Oscar Niemeyer.
Sr. Presidente, eis uma prova da genialidade de Oscar Niemeyer, que faleceu no último dia 5, aos 104 anos: disse-me essa estudante que se foi um grande ícone da arquitetura mundial, exemplo para tantos jovens estudantes, não só pela beleza e pela genialidade de seu traço, mas também pelo seu altruísmo em prol da coletividade.
Vejam o quanto é importante, meus nobres pares, valorizarmos todos aqueles que pensam na coletividade.
Foi Oscar Niemeyer que deu rosto à arquitetura brasileira. Com seus projetos de residências, por exemplo, foi o primeiro a conceber casas para a realidade brasileira, casas tropicais, arejadas e com grandes pátios.
Para Oscar Niemeyer, a beleza era uma função da sua obra e a arquitetura a manifestação da arte; por isso, imprimiu à sua obra um traço inconfundível. Dizia Oscar que muitos podiam não gostar de sua obra, mas ninguém poderia dizer que ela não era original.
Em meu Estado, São Paulo, a produção de Oscar Niemeyer está dividida em três grupos de obras, todas bastante significativas. As primeiras pertencem à década de 1940 e englobam as construções do Centro Técnico da Aeronáutica, em São José dos Campos, e as instalações da indústria alimentícia Peixe às margens da Rodovia Presidente Dutra. O segundo grupo de construções é dos anos 1950. Fora as construções do Parque Ibirapuera, um projeto não concluído, somente dois edifícios de Oscar Niemeyer da década de 50 foram executados obedecendo fielmente aos seus projetos: a sede do Instituto Resseguros do Brasil, na Avenida São João, e o Hospital Gastroclínica, do Prof. Edmundo Vasconcelos, na Avenida Rubem Berta. O terceiro grupo de obras de Oscar Niemeyer em São Paulo surgiu após o desligamento do arquiteto da NOVACAP, e de Brasília de um modo geral, isto é, depois que ele, por motivos políticos, deixou de trabalhar para o Governo Federal, priorizando os clientes de fora do Brasil, chegando mesmo a abrir escritório em Paris. Esses projetos foram executados tanto no interior do Estado quanto na Capital, e, nesse caso, destaca-se o Memorial da América Latina.
Sr. Presidente, ingressar todos os dias neste Palácio do Congresso Nacional, que recebe em quase todos os finais de semana cerca de 9 mil visitantes, voltar para Brasília, chegar a esta cidade, depois de uma dura rotina de visitas para atendimento das demandas das bases do meu Estado, sempre me reconforta o coração, porque Oscar Niemeyer e seus colaboradores construíram prédios que são muito mais do que símbolos de sua genialidade; eles resgataram e resgatam a todo momento o orgulho de sermos brasileiros, um sentimento de Brasil. Foi isso que mais me emocionou, Sr. Presidente, um sentimento expresso não nas palavras da estudante de arquitetura, que com certeza traduzem o pensamento de milhões de brasileiros, mas nos seus olhos marejados pela perda de alguém tão próximo da Pátria.
Concluo, Sr. Presidente, com uma frase de muito significado, que enaltece a grandeza de coração e a simplicidade desse brasileiro: “A vida é importante; a arquitetura não é. Até é bom saber das coisas da cultura, da pintura, da arte. Mas não é essencial. Essencial é o bom comportamento do homem diante da vida.”
Que Deus abençoe o Brasil.
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