Roberto de Lucena leva Nobel da Paz Dra. Shirin Ebadi à Câmara dos Deputados

Requerimento de Roberto de Lucena viabiliza visita de Shirin Ebadi à Câmara dos Deputados

Na manhã desta quinta-feira, 9, aconteceu no Plenário 3 da Câmara dos Deputados, audiência pública requerida pelo deputado Roberto de Lucena com a iraniana Nobel da Paz, a advogada e ex-juíza, Dra. Shirin Ebadi. O evento foi transmitido ao vivo pela Web Câmara.

Ainda no início da reunião, após a primeira fala de Ebadi, o deputado Roberto de Lucena, presidente da Mesa, recebeu um comunicado da ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, em que ela reforça o apoio brasileiro à causa da ativista iraniana, mas, devido a compromissos anteriores de sua agenda, não poderia comparecer à audiência. Maria do Rosário reiterou ainda estar disposta a “regressar de pronto da região amazônica a fim de encontrá-la”.

“Não é minha intenção falar com a presidente sobre assuntos políticos, mas sobre as violações de direitos humanos no Irã e a situação de opressão da mulher no país, mas falando com vocês, eu passo a minha mensagem a ela”, disse Ebadi.

Muito elogiada por todos os parlamentares presentes sobre sua integridade e coragem, Shirin disse que ama muito sua vida, família e tudo o que eles representam, mas que ama ainda mais a justiça.

Ao ser questionada pelo deputado Chico Alencar sobre o tratamento do Governo iraniano dispensado aos Bahai’s (minoria religiosa) e aos comunistas (e socialistas) iranianos, esclareceu que o primeiro grupo não tem nenhum direito reconhecido por parte do Governo, e sua situação é grave. Ela é advogada de sete líderes que foram condenados injustamente a vinte anos de prisão no Irã, e apesar das arbitrariedades constatadas no processo, foram absolutamente ignoradas. Os comunistas, porém, estão em situação ainda mais grave, pois tem sido eliminados, executados, e revelou a morte de cerca de 3 mil comunistas, enterrados em vala comum. “Sequer prantear seus mortos é permitido às famílias. Será por essa e outras coisas que acontecem no Irã, que o embaixador iraniano não quer que eu me encontre com a presidenta Dilma?”, avaliou a iraniana.

Shirin compartilhou com os presentes sua trajetória na defesa da causa dos direitos humanos, o preço pago para garantir os direitos básicos às mulheres, crianças e demais minorias. Afirmou não ser política, não pertencer a qualquer partido e que jamais ocupará cargo político, e que desejava estar com Dilma na condição de ser ela a primeira mulher presidente do Brasil, e enquanto mulher, mais sensível à questão da patente violação dos Direitos Humanos em seu país.

A ativista ainda relatou toda a retaliação que ela e sua família têm sofrido por não haverem se dobrado ao Governo de Mahamoud Ahmadinejad, que ela afirma ter sido eleito de forma fraudulenta.

Lucena informou Dra. Shirin Ebadi sobre a luta travada no combate ao infanticídio indígena, onde cerca de 350 crianças, brasileirinhos índios, são cruelmente eliminados por suas famílias, todos os anos, pelo simples fato de terem nascido gêmeos, portadores de deficiências, ou meninas. O deputado comemorou ainda a aprovação na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, na semana passada, da Lei Muadji.

Ao se despedir da Dra. Shirin Ebadi, Roberto de Lucena colocou seu gabinete parlamentar à disposição da ex-juíza e também toda sua congregação, O Brasil Para Cristo.

Ebadi recebeu mimos por sua visita, das mãos da Pastora Ana Claudia, representante da ATNI, organização não governamental que atua nas questões indígenas, um colar feito especialmente para essa ocasião, por crianças índias, além de duas publicações sobre o infanticídio e o documentário Hakani. Das mãos de Melina Dias, representando o gabinete de Roberto de Lucena, autor do requerimento que viabilizou a realização da audiência pública com a advogada, um belo arranjo floral com girassóis, que simbolizam a semente lançada pela coragem da ex-juíza na defesa daquilo que ela acredita ser o mais importante – o direito à vida.