Roberto de Lucena lamenta a morte de Dom Robinson Cavalcanti

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a data de 26 de fevereiro de 2012 vai ficar marcada para a Igreja Anglicana do Brasil como um dia trágico e muito triste. O Bispo Edward Robinson de Barros Cavalcanti, 68 anos, e sua esposa, Miriam Nunes Machado Cotias Cavalcanti, 64 anos, foram assassinados a facadas em sua residência, na cidade de Olinda, Pernambuco.
A morte de D. Cavalcanti e de sua esposa abre uma lacuna no meio evangélico. A ausência de ambos será sentida por todos. O Bispo Robinson Cavalcanti foi para a Igreja Evangélica brasileira uma grande referência e nos deixará um enorme legado, perpetuado por meio de suas inúmeras obras literárias e pelos registros feitos de suas milhares de palestras e conferências.
A Igreja Anglicana perdeu seu maior sacerdote, o povo evangélico um grande líder, a família perdeu o pai e o companheiro de todas as horas e a sociedade um dos maiores cientistas políticos da atualidade.
Amado e respeitado por todos, D. Cavalcanti muito nos ensinou. Pastores de todo o País, de um modo ou de outro, foram alcançados e influenciados pelas ideias e pelas teses defendidas por Robinson Cavalcanti, quer na teologia, quer na sociologia, na filosofia e/ou na política.
Ele sonhava com um País justo, sem desigualdades. Sonhava e buscava a construção de uma Nação próspera, livre da corrupção e onde todos tivessem oportunidades, com respeito às diferenças, um País onde fosse sempre garantida a liberdade de expressão e a liberdade religiosa. Morreu sem ver seus sonhos realizados, mas seus milhares de discípulos continuarão sua luta.
Registro com muita tristeza nesta tribuna a morte do casal. Mas registro também meu profundo lamento pelo fato de suas vidas terem sido ceifadas pelo próprio filho, o jovem Eduardo Cavalcanti, de 29 anos de idade. O filho que eles tanto amaram, o filho que eles escolheram amar quando o adotaram.
Segundo a polícia, Eduardo teria brigado com a outra filha adotiva do casal e depois teria sido visto amolando facas. Ao discutir com o pai, o esfaqueou. A mãe, tentando evitar a agressão, também recebeu os golpes fatais. Ainda de acordo com a polícia, Eduardo estaria sob efeito de drogas. Ele havia retornado dos Estados Unidos, onde morava e onde já havia sido preso por envolvimento com entorpecentes.
A perda de D. Edward Robinson e de sua esposa é irreparável.
O Bispo possuía mestrado em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro. Na UFPE, coordenou o primeiro curso de especialização em Ciência Política, em 1979, e o mestrado em Ciência Política, de 1986 a 1989. Foi membro dos Conselhos de Administração e Universitário e também integrou colegiados. Ministrou disciplinas com temáticas ligadas a partidos políticos, coronelismo, teoria política moderna e império.
Entre suas publicações estão os livros As Origens do Coronelismo (Editora Universitária da UFPE, 1984) e Cristianismo & Política – Teoria Bíblica e Prática Histórica (1985).
Robinson Cavalcanti também trabalhou na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), onde foi reitor, e na Faculdade Frassinetti do Recife (FAFIRE). Ele ainda atuou como professor visitante na Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, no ano de 1988.
Que o legado e a bem-aventurança de D. Robinson permaneçam vivos em cada ensinamento que passou.
Aqui quero chamar atenção para uma das lições que nos foram dadas pelo Bispo Robinson e a Irmã Miriam. Eles nos ensinaram a abrir o coração para acolher e adotar crianças. Defendiam o a amor incondicional pelos filhos adotivos.
E faço um registro. Não foi pelo fato de ser adotado que Eduardo os matou. Imploro que a mídia, que os órgãos de imprensa e que as pessoas de uma forma geral ao falarem sobre o assunto não coloquem esta condição em primeiro lugar. Eduardo não foi por eles gerado, mas foi por eles escolhido e amado.
Que este episódio não sirva, nunca e jamais, para que preconceitos e temores nasçam em torno da adoção. Não foi o filho amado quem os matou. Foram às drogas, foram os estragos que as drogas fizeram no cérebro daquele jovem, drogas que entraram em sua vida no período em que ele estava longe de seus pais.
Mais uma vez temos um exemplo de como as drogas estão devastando nossos jovens. Um mal que invade as famílias e destrói seus sonhos. Um problema que alcança os filhos, sejam eles adotados ou não, e que precisa por nós ser enfrentado com muita seriedade.
Que possamos intensificar a luta contras as drogas e que as mortes de D. Robinson e da Irmã Miriam não sejam em vão.
Minha solidariedade à família das vítimas, meu abraço especial a toda a Igreja Anglicana.

Era o que eu tinha a dizer.
Que Deus abençoe o Brasil.

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