Roberto de Lucena faz alerta sobre indicadores da economia brasileira e da perda do poder aquisitivo e o endividamento das famílias brasileiras

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho à tribuna nesta manhã, de forma zelosa, para alertar esta Casa e a sociedade brasileira sobre alguns indicadores da economia brasileira, divulgados pelo Banco Central nesta última quinta-feira, dia 16 de maio, e publicados em matéria do jornal Folha de S.Paulo. Digo de forma zelosa porque me preocupa, em especial, o poder de compra e o endividamento das famílias brasileiras. É com o povo brasileiro que me preocupo.
Antes de apresentar alguns dos dados divulgados pelo Banco Central, faço, de forma responsável, a ressalva no sentido de que a economia é a ciência das escolhas. Quando optamos, por exemplo, por determinada taxa de juros ou de câmbio, é preciso analisarmos o trade-off, ou seja, do que estamos abrindo mão para termos mais de determinadas outras coisas. É assim que funciona.
Os dados abaixo dão uma visão monetária da situação, mas é certo que precisaríamos também analisar toda a situação em conjunto como, por exemplo, dados históricos sobre a produção, o consumo, o emprego.
Nesse sentido, este discurso é uma contribuição para o tema, com o objetivo de provocar a nossa reflexão em busca da verdade. Muitas vezes é complicado falar da floresta olhando apenas para uma árvore.
Pois bem, muito se tem falado sobre a fragilidade da economia, em face da dificuldade de se encontrar um caminho que promova a sua recuperação mais sólida a fim de alavancar o tão almejado crescimento econômico. Isso ocorre não só no Brasil, mas em vários países no mundo.
No caso brasileiro, segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), a atividade econômica acelerou no primeiro trimestre deste ano, registrando expansão de 1,05% sobre o período de outubro a dezembro de 2012, quando o crescimento foi de 0,63%. De acordo com as expectativas do mercado, em março, por exemplo, o índice registrou a alta de 0,72%, conforme os dados dessazonalizados do Banco Central.
A previsão de 24 analistas consultados pela agência Reuters era que o IBC-Br subisse 0,7% em março. De fato, em março, o indicador – considerado uma prévia do PIB (Produto Interno Bruto) – registrou alta de 0,72% sobre fevereiro, praticamente em linha com as expectativas do mercado. Na comparação com março de 2012, o IBC-Br avançou 3,61% e acumula em 12 meses alta de 1,2%.
O indicador do Banco Central leva em conta a trajetória das variáveis consideradas como bons indicadores para o desempenho dos setores da economia (agropecuária, indústria e serviços). A estimativa do IBC-Br agrega a produção estimada para os três setores, acrescida dos impostos sobre produtos.
A previsão é de que novos dados oficiais sobre a economia brasileira sejam divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no dia 29 deste mês.
Já a produção industrial brasileira, com uma alta de 0,7%, pontuou uma retomada. Todavia, esse índice ficou aquém do esperado, em razão da queda de 2,4% em fevereiro. O desânimo de investidores em relação ao Brasil está entre as principais barreiras à recuperação da economia.
Conta feita pelo Itaú Unibanco, com base em dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostra um quadro de estagnação da confiança dos empresários em nível baixo, em razão de o índice de confiança ter voltado para os níveis mais baixos de 2012. O índice atingiu média de 92,7 pontos nos primeiros 4 meses de 2013, resultado 4,4% inferior à média registrada desde julho de 2010. Na comparação com o pico da série, em agosto de 2010, a confiança está 10% menor. A maior preocupação é realmente com a atividade industrial.
Um dos termômetros do setor é o índice de gerente de compras (PMI), que tenta antecipar o movimento da indústria com dados sobre estoques, contratações e exportações e é calculado pelo HSBC e pela consultoria Markit. O PMI do Brasil se recuperou em janeiro. Desde então, embora ainda aponte expansão, perdeu fôlego. O índice de abril foi o mais baixo desde outubro de 2012.
As constantes projeções para baixo e os dados ainda fracos de confiança dos empresários e do ritmo de atividade da indústria estão por trás de uma rodada recente de revisões para baixo nas projeções de crescimento do PIB em 2013. O Itaú Unibanco, por exemplo, reduziu sua projeção recentemente de 3% para 2,8%. Fernando Montero, economista-chefe da corretora Tullett Prebon, também revisou sua projeção de crescimento de 3,3% para 3,1% neste ano. Esses números são considerados os mais otimistas, porque consideram forte expansão da safra agrícola e o fato de que o período de abril a dezembro terá 5 dias úteis a mais do que em 2012.
No varejo, que sempre foi considerado um bom balizador do crescimento econômico no Brasil, as vendas tiveram um decréscimo de 0,1% em comparação ao mês de fevereiro. Logo, a queda no trimestre em relação ao índice de crescimento no varejo foi de 0,2%. Segundo o IBGE, esse foi o primeiro recuo desde o quarto trimestre de 2008, em especial devido ao aumento no preço de alimentos, que inibiu o consumo. O comércio geral também teve duas quedas seguidas na comparação mensal livre de influências sazonais.
Outro setor que pesou no resultado negativo do varejo de fevereiro para março foi o de eletrônicos, equipamentos de informática e comunicação (retração de 5,2%). Do outro lado, o setor de tecidos, vestuário e calçados mostrou o maior crescimento mensal em março, de 3,9%, em grande parte devido às liquidações de troca de estação.
Contudo, se analisarmos esses dados de forma macro, o comércio ainda acumula ganhos nos 12 meses encerrados em março: as vendas subiram 6,8%. Na comparação do primeiro trimestre com o mesmo período de 2012, a alta foi de 3,5%, a menor, porém, desde o quarto trimestre de 2003.
O poder de compra das famílias, por sua vez, tem sido afetado pela inflação, tanto que o Banco Central implementou medidas de aperto monetário ao elevar a taxa SELIC para 7,5 ao ano. A pesquisa Focus, do Banco Central, demostra que a expectativa dos analistas econômicos é de que, em 2013, haja a expansão de 3% do PIB e que a SELIC alcance o patamar de 8,25%.
Em suma, precisamos estar atentos a esses indicadores que demonstram análises pontuais e servem de alerta para necessárias correções de rumo na nossa economia, mas é importante também, sob o ponto de vista macroeconômico, termos noção da série histórica em relação a esses números. Eles não demostram, como disse no início deste discurso, toda a nossa conjuntura econômica, são somente uma parte da floresta.
Dados do Fundo Monetário Internacional, por exemplo, indicam uma tendência de melhora da economia mundial em 2014. De modo geral, todas as economias, Estados Unidos, China e Europa demonstram sinais de recuperação, após as recentes crises, porém com patamares de crescimento mais baixos. Um ponto positivo para o Brasil foi a diminuição da taxa de juros em 2012 que, normalmente, tem um efeito positivo defasado de 9 a 12 meses.]
Devemos proporcionar ao povo brasileiro o crescimento econômico que o País merece. Precisamos sempre trabalhar arduamente para isso. Pesquisa da PricewaterhouseCoopers, por exemplo, realizada com 1.330 líderes empresariais, mostra que o Brasil é o terceiro país mais citado onde os empresários planejam ampliar seus negócios nos próximos 12 meses. São essas oportunidades que queremos garantir. É para elas que almejamos estar cada vez mais preparados. Trabalhamos para a felicidade das famílias brasileiras, para a diminuição da violência, para a valorização da vida.

Sem dúvida, depende de uma economia sólida a oportunidade de educação e emprego para nossos jovens. Seja olhando apenas para a árvore, seja analisando a floresta, o que não podemos é perder o rumo do crescimento econômico neste País.
Que Deus abençoe o Brasil.

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