14jun16_Artigo_OPassaroMorto*Por Roberto de Lucena

Eram 20 horas pontualmente quando decolamos hoje, dia 13 de Junho. Nosso horário previsto era às 19h35m, mas ficamos parados por 25 minutos em Viracopos, pois foi detectado um pássaro morto na pista, por isso não pudemos decolar.

Um avião A320 com dezenas de passageiros a bordo, tanque cheio, com uma tripulação de alto gabarito e tecnologia de ponta. Um avião que custa milhões de dólares, parado numa pista de pouso e decolagem por causa de um pássaro morto, sem poder levantar vôo.

Nesse momento já estamos em altitude de cruzeiro, rumo à Brasília, vencendo velozmente a distância que nos separa da nossa Capital Federal. Tudo normal. Vôo agradável e o serviço de bordo já começou.

Pedi um suco de laranja e uma água sem gás, enquanto apreciava um panetini com sabor de presunto defumado. O episódio que não me sai da cabeça é o pássaro morto no caminho. Que tremenda lição! Como isso se parece com o que tenho visto nas pistas de pousos e decolagens da vida!

Sou ministro evangélico; pastor há 30 anos; sou filho de pastor e neto de diáconos; a 3ª geração de obreiros de minha família. Dei os primeiros passos no ministério bem cedo: vivi minha primeira experiência com o Espirito Santo aos 3 anos de idade, orando pela minha mãe; minha primeira experiência com Jesus aos 6 anos de idade, quando comecei a pregar. Sou portanto, pregador do evangelho de Jesus Cristo há 44 anos. Aos 8 anos era líder de crianças na igreja e aos 12 anos fui “eleito” presidente de mocidade. Aos 14 anos comecei a trabalhar como auxiliar administrativo em uma tecelagem, aos 16 anos quando fui consagrado como evangelista pelo meu pai e meu pastor, já era gerente de planejamento e controle na industria onde trabalhava, na querida Santa Isabel, minha cidade Natal.

No dia 02 de Novembro de 1986, quando fui ordenado e consagrado pastor, no grande templo da Pompeia – Sede Nacional da Igreja O Brasil Para Cristo – tinha 20 anos de idade. Eu era então, com muita honra, pastor auxiliar do meu pai. Aos 25 anos iniciamos a Igreja em Arujá, quando éramos três pessoas vindas de Santa Isabel e mais algumas pessoas da própria cidade.

Nesse ano de 2016 essa comunidade completa 25 anos e beira para mais ou para menos os 3mil membros e um patrimônio considerável. Aos 28 anos liderei a secretaria regional do nordeste, que congregava todas as igrejas dos 9 estados da nossa denominação; aos 33 anos fui eleito pelo voto direto dos pastores delegados da Assembléia Nacional o mais jovem presidente nacional das igrejas O Brasil Para Cristo, depois do próprio fundador o Missionário Manoel de Mello – uma das maiores e mais estratégicas denominações evangélicas pentecostais do nosso pais.

Hoje, estou com 50 anos de idade, não presido a igreja, faço parte do Supremo Conselho que a dirige. Estou deputado federal em segundo mandato e também sou um dirigente sindical, envolvido com as lutas pela justiça social no Brasil e no mundo. E repito estou deputado federal, mas sou pastor. Considero-me um missionário na política. Um missionário que não deixou o altar e que continua a exercer o seu ministério eclesiástico, como pregador, com o máximo possível de dedicação. Como se vê tenho lidado com pessoas, suas particularidades e suas complexidades. Seja nos gabinetes pastorais, políticos ou nos movimentos sociais.

Assim, quando o comandante por meio do canal de som justificou nosso atraso, um filme passou pela minha cabeça! Um filme com personagens reais, onde extraordinários aviões se acumulam nas pistas de pousos e decolagens, sem poder ganhar as alturas, sem atingir seu potencial e sem elevar-se ao espaço, seu lugar, por causa de pássaros mortos na pista.

Desfilaram pela minha tela mental rostos que têm nomes e dos quais conheço a história – airbus paralisados no chão.

Interessante a vida! Eu mesmo,que não sou nem um pouco perfeito e aliás tão cheio de defeitos, limitações e fragilidades, quantas vezes me vi também parado na pista por causa de um pássaro morto!

E o que é um pássaro perto de um avião? Parece uma loucura, não e? Mas, um pássaro vivo pode derrubar um avião! E isso eu já sabia, mas hoje soube que um pássaro morto na pista pode impedir um avião de decolar. Ele precisa ser retirado.

Algumas vezes esse pássaro morto está fora de nós! É circunstancial! Outras vezes está dentro de nós, e quando isso acontece a tarefa exige mais de nós. O avião esta iniciando a sua descida em Brasília. Como foi curta essa viagem!

Boa noite amigos! Deus nos abençoe e ao Brasil!

* Roberto de Lucena é pastor fundador da Igreja O Brasil para Cristo, escritor, conferencista e deputado federal.

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