Neste momento o Japão se depara com uma tragédia que provoca dor e comoção em todos nós. A natureza em fúria destruiu o que encontrou pela frente – a terra se movimentou e os mares avançaram sobre as pessoas e as cidades. Na verdade, não foi uma tragédia, mas várias. Foram quase 3 mil mortos e dezenas de milhares de desaparecidos; danos patrimoniais irrecuperáveis; milhares ficaram sem teto, sem água, comida, energia. Entre tantas tragédias, uma em especial nos chama a atenção, a usina nuclear de Fukushima está numa situação de risco total.
A recente declaração do senhor Ministro das Minas e Energia, Edson Lobão, de que a questão nuclear brasileira esta dissociada da japonesa é precipitada e incoerente, pois observamos que a usina do Japão não explodiu por conta do Tsunami ou dos sucessivos terremotos da região, mas devido a uma “simples” falha no suprimento de eletricidade. Faltou energia para puxar água e abastecer o sistema de refrigeração do reator, fazendo com que a temperatura se elevasse e ocorresse a explosão. Além do que o local da instalação das usinas, em Angra dos Reis, esta sujeito, sim, a um eventual aumento dos níveis dos oceanos, em função do aquecimento global.
O Programa Nuclear Brasileiro – PNB foi criado e mantido sempre oculto da sociedade. É preciso transparência e democratização do que é feito. Quais as razões que levaram ao Brasil a adotar uma área de evacuação de apenas 5 Km, enquanto os demais países adotam em média 20 Km, sendo que o Japão, no momento, esta utilizando 30 Km, para o caso da usina FUKUSHIMA? Por que a própria CNEN fiscaliza o que ela mesma normatiza, em flagrante desacordo com o artigo 8º da Convenção de Segurança Nuclear, numa ação comparável, apenas, ao Paquistão e ao Irã? Por que vamos investir R$ 30 bilhões para se implantar mais quatro usinas nucleares para gerar apenas 4.000 MW? É preciso criar uma carreira específica para se atuar na área de segurança nuclear. É preciso retomar o debate, e tratar a questão com a responsabilidade que a mesma requer.