Roberto de Lucena fala da crise no abastecimento de água em São Paulo

Sra. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, na semana em que comemoramos o Dia Mundial da Água, enfrentamos uma situação bastante incômoda e preocupante na Região Metropolitana de São Paulo. O volume de água armazenado nos reservatórios do Sistema Cantareira vem registrando quedas consecutivas e, na última terça-feira, dia 18, operou com apenas 14,9% da sua capacidade total, novo recorde negativo desde o início de sua operação, em 1974.
Há 40 anos, Sra. Presidente, não se tinha notícia de níveis tão baixos. De acordo com a SABESP, não se tinha notícia de índices como os que nós temos aferido. O volume de água armazenado nos reservatórios do Sistema Cantareira era de 59,4%.
Para evitar o racionamento, o Governo do Estado se vê obrigado, neste momento, a utilizar o volume morto – água armazenada nas profundezas das represas – para tentar abastecer, por pelo menos 4 meses, quase 9 milhões de pessoas na Grande São Paulo. A SABESP já anunciou investimento de recursos da ordem de 80 milhões para explorar, aproximadamente, 400 milhões de metros cúbicos armazenados nos fundos dos reservatórios.
A escassez prolongada de chuvas no verão é a principal causa para os baixos níveis do Sistema. Em janeiro, choveu apenas 36% da média histórica; em fevereiro, a pluviometria acumulada sobre o Cantareira alcançou apenas 33,8% do previsto; este mês, o volume de precipitações está dentro da média, tendo chovido até hoje 79% do esperado para o mês. As chuvas, no entanto, não foram suficientes para a recuperação dos mananciais.
O aquecimento global e as rápidas alterações no ecossistema estão criando uma séria crise para a própria sobrevivência da humanidade. Um terço da água potável do planeta desapareceu ou está à beira de desaparecer. A situação é grave não apenas em São Paulo, mas também no mundo.
Para tentar amenizar o problema em São Paulo, a SABESP tem adotado uma série de medidas para garantir o abastecimento da Grande São Paulo. Além de incentivar a redução do consumo de água com descontos na tarifa, a concessionária vai transferir o atendimento de até 3 milhões dos 8,8 milhões de consumidores abastecidos pelo Cantareira para os Sistemas Alto Tietê e Guarapiranga.
Como Deputado Federal de São Paulo, Sra. Presidente, não posso ser omisso em relação a esse problema que aflige e afeta milhões de paulistanos.
Quero lembrar que o PV tem alertado a Nação nos últimos anos sobre as consequências do desequilíbrio ambiental, sobre as mudanças climáticas e as suas consequências.
Quero também reconhecer o esforço do Governo de São Paulo para gerenciar e administrar uma crise que não tem precedentes na história de São Paulo.
Os verdes de todo o Brasil já disseram que a estiagem atípica deste ano acendeu um sinal de alerta para todos nós. Há muitos anos temos falado sobre os riscos da falta de água e sobre a necessidade de cuidados com o meio ambiente, mas, infelizmente, Sra. Presidente – e termino aqui -, parece-nos que muitos ainda não acreditam nas previsões, que não são em nada positivas.
É preciso, Sra. Presidente, que a consciência seja clareada e que todos nós nos compreendamos responsáveis por evitar o desperdício de água no planeta e desenvolver melhor o nosso potencial de reaproveitamento de água.
Esse é um tema da maior seriedade, da maior gravidade, e fica aqui o nosso registro, bem como o registro da bancada do Partido Verde.
Muito obrigado, Sra. Presidente.
Era o que eu tinha a dizer.

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