Tenho ocupado essa Tribuna nesses últimos dias para chamar a atenção desta Casa para a importância estratégica e histórica da votação do Código Florestal e a necessidade de nos apresentarmos para uma missão de tamanha envergadura tendo amplo conhecimento do texto final do relator – o que infelizmente para nós e para a sociedade civil não aconteceu.
Agora, finalmente, temos esse texto em mãos. Ele nos chegou tarde; ontem; já hora avançada; após doze horas de discussão subjetiva e exaustiva; e causou estranheza, inclusive entre o colegiado de líderes, porque o texto apresentado em Plenário não correspondeu exatamente ao que foi objeto de análise na busca do consenso.
Não fosse a prudência, o bom senso e a coragem do líder do Partido dos Trabalhadores, deputado Paulo Teixeira, acompanhado pelos líderes Vaccarezza, líder do Governo e Henrique Alves, do PMDB que apoiaram o requerimento de retirada de pauta encaminhado pelo PSOL, teríamos desgraçadamente cometido o desatino de votarmos o relatório, e possivelmente ele teria sido aprovado pela maioria.
Felizmente isso não aconteceu e agora aí está – nu, revelado, descortinado, diante dos olhos de todos, para que a sociedade civil aprecie, analise e julgue os movimentos que relacionam essa Casa ao tema.
O Brasil viu que nossas preocupações eram razoáveis e fundamentadas.
Em nenhum momento temíamos o debate.
Queríamos, Senhor Presidente, discutir de maneira democrática e votar o Código Florestal, mas reivindicávamos o direito de conhecer antecipadamente o texto que seria objeto do nosso debate.
Confesso que o texto em si não me trouxe novidades, não foi uma surpresa. Já esperava que ele deixasse a condição de catástrofe, mas não a condição de tragédia. Deixou de ser péssimo, mas não abriu mão de ser ruim.
O que me causou surpresa, Senhor Presidente , foi a postura do Deputado Aldo Rebelo.
Primeiro foi a sua exposição, que não contemplou o mérito, ficando apenas na periferia do discurso político. Depois foi o seu comportamento em relação à Senadora Marina Silva, cuja presença no plenário parece tê-lo desconcentrado e desconsertado.
O Deputado Aldo Rebelo é um grande brasileiro, um extraordinário parlamentar; um dos cérebros mais privilegiados do Brasil. Sua trajetória, sua biografia e sua experiência de maneira alguma se alinham com a falta de elegância, desrespeito e de ética com que se referiu à ela.
Visivelmente descontrolado emocionalmente em função dos novos rumos que se impunham ao processo em Plenário, o deputado não conseguiu refletir que qualquer ação sua no sentido de tentar atingir, de qualquer forma, a Senadora Marina Silva, por sua liderança na luta em defesa do meio ambiente e da vida, haveria de ofender não somente a ela, mas a cada um dos quatorze parlamentares da Bancada do Partido Verde na Câmara dos Deputados e outros tantos, seus admiradores, independentemente da cor partidária, além dos movimentos sociais organizados e aos vinte milhões de brasileiros que nas eleições presidenciais de 2010 depositaram nela muito mais que a sua confiança – a sua esperança!
Atacá-la foi uma flagrante demonstração de desespero, mas foi mais que isso. Foi um desrespeito a uma das personalidades ilustres e honradas do nosso país, com reconhecimento nacional internacional.
Apelo ao Deputado Aldo Rebelo e a essa Casa para que haja uma retratação pública com a Senadora Marina Silva, cuja trajetória é motivo de orgulho e de honra para o parlamento brasileiro.
Finalmente, Senhor Presidente, apesar de ter sido colocado entre os “inimigos” do Brasil, por um dos oradores que fez uso da Tribuna no dia de ontem, apenas pelo fato de estar entre os que defendem o Brasil Sustentável, faço da minha esperança a minha luta e de minha luta a minha força.
Estou certo que a razão e o bom senso prevalecerão nesse debate e haveremos de aprovar, finalmente, uma legislação que contemple o Brasil de hoje e o Brasil de amanhã.
Requeiro a ampla divulgação deste discurso nos meios de comunicação da Casa.
Muito obrigado.
Era o que tinha a dizer.
Deputado Roberto de Lucena
PV/SP