Deputado Lucena comenta exposição “Os desenhos das crianças de Terezín”

Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados.

Esta Câmara dos Deputados vai ter a honra de receber, entre os dias 02 a 30 de março de 2011, uma das mais famosas exposições de arte do mundo. A galeria do 10º andar do anexo IV abriga a exposição “Os desenhos das crianças de Terezín”, que reúne imagens feitas por crianças durante a 2ª Guerra Mundial. Serão exibidos quadros feitos por crianças e adolescentes de 10 a 15 anos, que viveram na cidade de Theresienstadt, na antiga Tchecoslováquia, durante a 2ª Guerra Mundial que retratam a dor, as mortes, o gueto, o cotidiano, os sonhos e a saudade do lar daqueles que estiveram no campo de concentração de Terezín, como era conhecido.

Durante a 2ª Guerra Mundial, vários cientistas, artistas e pessoas em geral foram convidados a habitar uma cidade sob proteção do Führer. Para mudar-se para Theresienstadt eles deveriam ceder todos os seus bens ao regime e, em troca, receberiam bons alojamentos, alimentação e cuidados médicos. A segunda parte do acordo nunca foi cumprida e os habitantes da nova cidade, todos judeus, logo descobriram que haviam se mudado para um campo de concentração, que ficou conhecido como “Campo de Terezín”. Mesmo com todos os problemas, durante os quatro anos de existência da cidade, os mais de 135 mil judeus que por ali passaram, estabeleceram uma intensa vida cultural no local, da qual participavam cerca de 15 mil crianças, que retrataram o cotidiano por meio de desenhos e pinturas. As ilustrações acabaram se transformando em um meio de defesa e resistência à violência e opressão do regime nazista.

As crianças presas em Terezín não apenas desenhavam, elas também escreviam poemas, que foram resgatados depois da 2ª Guerra e que hoje fazem parte da literatura mundial. Elas pintaram e escreveram para expressar a saudade do lar, o abandono, à tristeza e para compartilhar suas ansiedades, seus temores e suas esperanças.

Os desenhos e poemas feitos por milhares de crianças de Terezín, em sua maioria meninas, converteram-se em testemunho da experiência que elas viveram sob o rigor do cruel domínio nazista durante a Segunda Guerra (1939-1945).

As crianças, mesmo em meio à dor e ao sofrimento tinham inspiração e não lhes faltava criatividade. Elas conseguiram representar a beleza situada além das portas da cidade que lhes era total e impiedosamente roubada. Embora não tivessem material suficiente, pintavam sobre quase qualquer superfície que havia por perto, dispondo de muito pouco giz, de escassas aquarelas e de materiais insuficientes, mas que souberam combinar para formar admiráveis texturas.

Os pequenos artistas geralmente desenhavam sob a orientação do artista Fried Dicker-Brandejs, procurando fazer da expressão um ato de consolo e conciliação espiritual. Desses desenhos formaram-se círculos temáticos, através das lembranças de paisagens, de ruas e cidades, de seus familiares, de flores e animais, de brincadeiras infantis, de imaginação e fantasias e de suas experiências, na infeliz vida dentro do campo de concentração.

Tanto esses desenhos, como a maior parte de literatura escrita pelas crianças de Terezín, evidenciam a recordação dos lares perdidos e da já distante infância feliz e a amargura de terem sido arrancados de sua vida normal para um mundo desumano, de opressão e ódio mortal. Os poemas foram encontrados nas revistas que as crianças publicaram dentro do gueto, acompanhados muitas vezes de desenhos comoventes.

O destino das crianças do campo de concentração de Terezín ainda é mais comovente e chocante do que seus desenhos e seus poemas: – das 15 mil crianças desse campo de concentração somente 100, isso mesmo, apenas uma centena sobreviveram aos assassinatos em massa promovidos pelos nazistas!

Olhar os desenhos das crianças de Terezín nos leva ao passado e nos faz refletir como aqueles pequenos artistas encontravam alegria em meio à dor, como viam cores em meio à escuridão e como tinham a esperança como parceira, quando já sabiam o destino de morte que lhes esperavam.

Assim Senhoras e senhores deputados, esta Casa acerta em receber esta exposição e disponibilizá-la ao público com uma mensagem doce e bela que nos ensina um pouco mais sobre a verdadeira história do holocausto, que apesar de ser contada por crianças com seus belos desenhos e lindas cores, não nos deixa uma suposta “outra imagem” dos campos de concentração, pois essa imagem será para nós a mesma, sempre, ou seja, a imagem da dor e do horror.

O desenhos das crianças de Terezín nos contam com delicadeza que foi de fato o holocausto, ou seja, o assassinato pelos nazistas de aproximadamente 6 milhões de judeus – incluindo 1,5 milhão de crianças – representando um terço do povo judeu naquela época, foi uma operação feita com fria eficiência, um genocídio cuidadosamente planejado e executado. Foi única na história em escala, gerenciamento e implementação, e por essa razão recebeu um nome próprio: – Holocausto.

Aqui registramos nossos agradecimentos à Embaixada de Israel, na pessoa de seu Embaixador Giora Becher, por ter proporcionado as condições necessárias para este grandioso evento cultural. Nosso especial agradecimento e nossas homenagens a Senhora Embaixatriz Rachel Becher, que como gestora da área cultural, não mediu esforços para que a Câmara dos Deputados recebesse preciosas obras de arte.

Parabenizamos também a FRENPAZBRIL – Frente Parlamentar Cristã Brasil-Israel pela Paz no Congresso Nacional, por presentear os parlamentares federais, os funcionários o Congresso Nacional, o povo de Brasília e às centenas de pessoas de outros estados brasileiros que transitam nesta Casa com tão bela e comovente exposição.

Desejamos sucesso ao evento e que as mensagens contidas nos desenhos e poemas das crianças de Terezín nos ensinem e inspirem a prosseguir na busca permanente da paz entre os povos.

Que a humanidade nunca mis experimente nenhuma forma de holocausto, que os homens possam se respeitar, possam aceitar suas diferenças e com elas conviver.

Era o que tinha a dizer,

Deputado Roberto de Lucena

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