Dia da Mata Atlântica – Não há o que comemorar

Cachoeira Santa Virgínia Serra do Mar São Paulo

O deputado Roberto de Lucena registrou na tribuna da Câmara dos Deputados na manhã desta sexta-feira, 27, em pronunciamento, o Dia da Mata Atlântica. Apesar de tão importante data, pouco ou quase nada temos a comemorar. Acompanhe o discurso de Lucena e saiba os principais motivos pelos quais a sociedade brasileira lamenta a aprovação do Código Florestal.

 

“Não poderia deixar de mencionar que hoje é o Dia da Mata Atlântica. E como eu gostaria, Deputado Amauri Teixeira, de que hoje, Dia da Mata Atlântica, o Brasil verde e amarelo pudesse estar celebrando e comemorando uma boa notícia dada por esta Casa a respeito do Código Florestal.
Tivemos uma semana acalorada, em que debates intensos se sucederam, e, infeliz e lamentavelmente, esta Casa não ouviu as ruas, não ouviu a sociedade organizada, não ouviu os jovens, não ouviu a comunidade científica, não ouviu o apelo quase dramático de todos os Ministros do Meio Ambiente, desde os do governo militar até o do último Ministro da Pasta, que apelaram para o bom senso desta Casa, que rogaram a ela que tivesse equilíbrio, que ponderasse e considerasse, porque o relatório do Deputado Aldo Rebelo ao projeto do novo Código Florestal trazia para nós — para o debate e a aprovação, como aconteceu — um verdadeiro desastre para a legislação ambiental deste País.
Infelizmente, hoje, Dia da Mata Atlântica, não podemos celebrar essa conquista, não podemos celebrar essa vitória.
Eu vou chegar, Sr. Presidente, logo mais à tarde, a minha casa, vou me encontrar com meus filhos, com a minha netinha, e infelizmente não vou poder abraçá-los e dar-lhes uma boa notícia. Mas eu levo a certeza de que nós lutamos — e muito! — nesta Casa, tentando o convencimento, o debate democrático. Porque não queríamos fugir do debate; ao contrário, queríamos o debate democrático.

Mas, Sr. Presidente, queríamos chamar esta Casa à consciência da importância de votarmos uma legislação atual, que não isolasse o Brasil do restante do mundo, que não boicotasse o direito à vida com qualidade — e a própria vida — e que não sabotasse o planeta. Infelizmente isso não aconteceu.
Ficam aqui as nossas homenagens àqueles que têm se levantado, acreditando no Brasil, e àqueles que não têm querido tirar o verde da nossa bandeira.
Hoje, no dia da Mata Atlântica, que foi considerada, a partir de 10 de fevereiro de 1993, patrimônio nacional pela Constituição Federal e que, apesar da devastação, é um dos biomas com uma das mais altas taxas de biodiversidade do mundo, eu quero dizer que nós lançamos o nosso olhar de esperança agora para o Senado, para que ele possa corrigir as distorções e os erros do relatório que não conseguimos corrigir aqui.
Se ainda no Senado nós não conseguirmos que os apelos da sociedade se façam ouvir, que a Presidenta Dilma, com a sua coerência, lucidez, independência e autoridade, possa, mais uma vez, tomar uma atitude em favor do Brasil de hoje, o Brasil do século XXI.
Quero agradecer a sua generosidade e bondade e desejar a todos os brasileiros, a toda a família brasileira, um tempo de paz. Que esta Casa e o Brasil encontrem o seu caminho e que nós possamos corrigir essas distorções.
Era o que eu tinha a dizer.”

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