Deputado Roberto de Lucena discursa sobre situação das vítimas de Realengo

Sr. Presidente, ilustre Deputado Amauri Teixeira, Sras. e Srs. Parlamentares, nesta semana nós estamos a exatos 4 meses da tragédia que atingiu Realengo e sacudiu o Brasil, a tragédia que abalou e chocou o mundo, quando 12 crianças inocentes foram chacinadas no Colégio Tasso da Silveira, no Rio de Janeiro, por um maníaco, um transtornado que, adentrando aquela escola munido de arma de fogo, efetuou disparos, ceifando a vida, interrompendo sonhos e afetando não somente as dezenas crianças que ficaram feridas, mas todas as centenas de crianças que lá estudam; se não foram feridas fisicamente, foram marcadas para sempre com os fatos que ali se desencadearam.

Estivemos, Deputado Amauri Teixeira, visitando o Colégio Tarso da Silveira, em nome da Frente Parlamentar de Combate ao Bullying e outras Formas de Violência, da qual eu sou Presidente. Ali, com uma comitiva de Parlamentares, reunimo-nos com os familiares das vítimas, com as crianças sobreviventes. Ali, com aquelas pessoas, centenas delas, entre professores, alunos, trabalhadores da reforma daquele prédio, demos um abraço simbólico à Escola Municipal Tasso da Silveira.

Saímos dali, Sr. Presidente, absolutamente indignados, chocados com os fatos que ocorreram naquele ambiente e com o desrespeito do Governo do Estado e da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro aos sobreviventes daquele massacre, aos familiares das vítimas, daqueles que lá perderam sua vida. Passados 4 meses, eu quero citar o nome de Luan e de Matheus, quero citar a garota Taiane. Luan, Sr. Presidente, Deputado José Stédile, está prestes a perder uma das vistas, corre o risco de ficar cego. É um garoto cheio de vida, de saúde. Luan, que usa boné para esconder o curativo que tem no olho, precisa submeter-se a um procedimento cirúrgico, marcado para o final do mês de outubro.

Cito também Matheus, um garoto de 11 anos, que, atendendo ao nosso convite, veio a esta Casa participar do lançamento da Frente Parlamentar Mista de Combate ao Bullying e Outras Formas de Violência, e disse: “Eu fui vítima de alguém que foi vítima dobullying, mas eu quero responder a essa agressão estudando. Eu quero ser o melhor advogado que eu puder, e um dia eu quero servir ao meu País como Ministro.”

Nós sociedade devemos uma resposta às crianças sobreviventes, devemos respeito à família dos sobreviventes. Uma vez que o Estado, Presidente Amauri Teixeira, não foi capaz de proteger aquelas crianças, ele deve dar uma resposta de cuidado às que precisam de atendimento. Isso é um absurdo! Isso é indigno! Não é possível, Deputado Amauri! O Prefeito Eduardo Paes e o Governador Sérgio Cabral são pais, talvez avós. Eu, que sou pai de Melissa e de Renan e avô da senhorita Lívia, que tem 4 anos de idade, ponho-me no lugar daqueles avós e daqueles pais. Se algo definitivamente de mais trágico acontecer com essas crianças (peço apenas a concessão de 1 minuto para finalizar, ilustre Deputado Amauri Teixeira), Prefeito Eduardo Paes e Governador Sérgio Cabral, os senhores serão responsabilizados. Serão responsabilizados pela história. Serão responsabilizados pela sociedade. Serão responsabilizados pelo povo de Realengo. Aqui nesta Casa os senhores também serão responsabilizados.

Quero fazer um apelo às autoridades do Rio de Janeiro, quero fazer um apelo também aos profissionais da área médica, quero fazer um apelo àqueles que podem, voluntariamente, fazer alguma coisa e ajudar-nos na Frente Parlamentar Mista de Combate ao Bullying e Outras Formas de Violência para estendermos as mãos a essas crianças e à Associação dos Familiares e Amigos dos Anjos de Realengo, que não quer vingança, e sim busca justiça. E a Palavra de Deus ensina, Deputado Amauri Teixeira, que aquele que tem fome de justiça é bem aventurado, porque sua mesa será farta.

Sr. Presidente, solicito que meu pronunciamento seja divulgado nos órgãos de comunicação da Casa. Deus abençoe o Brasil.
Muito obrigado.

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