Deputado Roberto de Lucena declara seu apoio à instalação da CPI do Cachoeira e cobra o enfrentamento da corrupção no País

Sr. Presidente, ilustre Deputado Luiz Couto, nobres Parlamentares, ocupo a tribuna neste momento para fazer um apelo. Nós estamos, Deputado Izalci, diante de um momento muito delicado no nosso País.
Refiro-me a esta sequência de fatos que têm vindo à tona, que têm sido revelados a cada dia, a cada hora, porque essa revelação já não acontece de um dia para o outro. É – permita-me usar esta expressão – uma cachoeira de surpresas que nos toma de assalto, e assalto no sentido literal, porque estamos diante de um verdadeiro sequestro de um dos bens mais preciosos que uma pessoa, Deputado Luiz Couto, tem nesta vida, que é a sua esperança, é a sua capacidade de sonhar, de acreditar.
Deputado Damião, a sociedade brasileira está cada vez mais descrente. Descrente nos homens públicos deste País, descrente na seriedade daquelas pessoas que, investidas de autoridade, investidas de representatividade, em seu nome, deveriam ser procuradores do bem público, do interesse público. Porém, em detrimento dos interesses da sociedade, surrupiam o bem público, sequestram os bens que deveriam ser de todos e acabam deslocando esses bens para alguns.
Esse é o drama que nós vivemos, o drama que a corrupção impõe a este País.
De repente, há um grupo, que não é pequeno, de Parlamentares nesta Casa igualados em situações dessas pessoas que são minoria, mas que negociam seus valores, seus princípios, as convicções que os trouxeram, que os convocaram à vida pública, mas quando estão diante das trincheiras, dos desafios dos seus mandatos, veem-se envolvidos com circunstâncias não republicanas, circunstâncias que não podem ser colocadas à luz sem causar constrangimento.
O apelo que faço, Sr. Presidente, é para que esta Casa leve a sério a sua missão de passar essa história a limpo e, passando essa história a limpo, investir no processo de passar o Brasil a limpo.
Assinei, não com alegria, não com felicidade, porque não sei se é possível fazê-lo dessa forma, mas assinei com a consciência do compromisso que tenho com valores, com os meus princípios, com aquelas pessoas do Estado de São Paulo que represento, com as pessoas de bem deste País, o requerimento de constituição da CPI que se propõe a investigar toda a situação envolvendo o Sr. Cachoeira e a sua relação, a sua conexão possível com Parlamentares desta Casa.
O apelo que faço é que nós não permitamos que se arrefeça nesta Casa a disposição de investigar. Precisamos encarar essa missão, que não é agradável, é uma missão espinhosa, que seria bom não tivéssemos que cumpri-la, enfrentá-la, porque não faz bem a nós, não faz bem ao Parlamento, não faz bem a nenhum de nós, mas faz mais mal e causa mais dano se fizermos de conta que nada está acontecendo, se nós passarmos a mão na situação, se permitirmos que se arrefeçam, por motivos diversos, os ânimos para a investigação. E que o façamos não com o propósito de transformar este Parlamento num tribunal inquisitório, não com o propósito de transformar este País num grande tribunal inquisitório, mas até de dar às pessoas envolvidas a oportunidade de se defenderem, de virem a público esclarecer essas relações e essas conexões com aquilo que se presume ser do mal.
A corrupção, Deputado Izalci, precisa, efetivamente, ser encarada por cada uma das Deputadas e cada um dos Deputados, por cada uma das Sras. Senadoras e cada um dos Srs. Senadores como o inimigo número 1 desta Casa e inimigo número 1 do Brasil. Ela é impiedosa, ela é imoral, ela é nefasta. E tão nefasta ou pior ainda do que a corrupção é a cultura da corrupção, que é centenária. Ela está intrinsecamente ligada à história do Brasil, à genética.
Nós temos que quebrar esse ciclo, porque nós temos que ter compromisso com o futuro, nós temos que ter compromisso com essa geração que desponta no horizonte. Deputado Luiz Couto, eu sou pai – pai da Melissa, do Renan -, sou avô da senhorita Lívia, que tem 4 anos e este ano completa 5 anos de idade. Essa geração da senhorita Lívia desponta no horizonte. Eu tenho a expectativa, a esperança de que pelo menos em relação a isso, Sr. Presidente, essa geração, olhando para esta Casa, para esta Legislatura do Congresso Nacional, reconheça que estas mulheres que aqui estão, estes homens que aqui estão tiveram compromisso com o bem, compromisso com a verdade, compromisso com a justiça, compromisso com essa geração que está chegando.
E ter compromisso com essa geração, Deputado Damião, que aqui já está há alguns mandatos e tem sido uma referência neste Parlamento de seriedade, de dignidade; Deputado Luiz Couto, no seu compromisso com os direitos humanos, com a defesa da justiça; ter compromisso com essa geração que aponta no horizonte é efetivamente nós nos levantarmos contra a corrupção, passarmos o Brasil a limpo e evitarmos que esses recursos que devem ir para a garantia de uma educação pública de qualidade, uma saúde pública de qualidade, a garantia de segurança pública de qualidade, a garantia de que nós vamos ter uma distribuição de renda justa e um País com justiça social…
Não justifica um País que hoje detém, no ranking do mundo, a quinta economia ainda ter miseráveis. E os tem em grande parte porque os recursos poderiam estar sendo utilizados nos programas sociais desenvolvidos pelo Governo. E eu aplaudo aqui o nosso Governo, a Presidenta Dilma, que tem dado continuidade aos grandes programas sociais, que foram aprofundados numa grande revolução social promovida pelo Presidente Lula – preciso aqui fazer justiça.
Mas se nós ainda não atingimos todos os objetivos e não alcançamos, Sr. Presidente, todos os alvos é porque o dinheiro, o recurso, recurso público que poderia ser usado para esses programas sociais tem sido desviado para os ralos da corrupção.
É preciso que essas cachoeiras no Brasil sejam secas. É preciso que os ciclos da cultura da corrupção nacional sejam quebrados.
Eu faço aqui, como disse no início deste pronunciamento, um apelo a esta Casa, Sr. Presidente, caminhando para o encerramento da minha palavra, para que nós não permitamos que se arrefeçam os ânimos, que nós apuremos o que precisa ser apurado e tenhamos compromisso com a verdade, com a transparência, dando uma resposta à sociedade brasileira, que não espera de nós menos do que isto, que as pessoas de bem deste Parlamento se levantem em nome da dignidade, da ética, da justiça e em nome do futuro das gerações que estão chegando.
Muito obrigado, Sr. Presidente, senhoras e senhores.

Era o que tinha a dizer.
Que Deus abençoe o Brasil!

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