Deputado discursa sobre polêmica em torno do lançamento do filme Inocência dos Muçulmanos

Sr. Presidente, ilustre Deputado Luiz Couto, militante nesta Casa pela defesa dos direitos humanos, Sras. e Srs. Parlamentares, ocupo esta tribuna para fazer uma manifestação de lamento – lamento, inclusive, que faço na condição de pastor evangélico e de Vice-Presidente da Frente Parlamentar Evangélica no Congresso Nacional. Lamento, Deputado Imbassahy, pela manifestação de pessoas inconsequentes e irresponsáveis que, em nome de uma fé, em alguns momentos, ou em nome de Deus, em outros momentos, ou ainda, em nome de uma ideologia, trabalham no desrespeito às ideias, no desrespeito à fé e no desrespeito às religiões, desconsiderando que esse desrespeito é um componente altamente explosivo e que podem ter desdobramentos e consequências graves.
Deputado Izalci, por quem eu tenho muito respeito pelo trabalho que V.Exa. desenvolve neste Parlamento, representando o povo do Distrito Federal, o desrespeito nunca trouxe nenhum tipo de resultado positivo.
Refiro-me, neste preâmbulo, ao filme Inocência dos Muçulmanos, criado pelo cineasta Sam Bacile. Sr. Presidente, por que eu disse que lamento inclusive como pastor? Porque o filme foi divulgado por um pastor evangélico nos Estados Unidos, chamado Terry Jones, da Flórida. Inclusive, esse senhor já esteve envolvido em uma situação polêmica, em um passado recente, no ano de 2010, o que causou um tremendo mal-estar em toda a comunidade islâmica do planeta. Ele declarou que iria queimar o Alcorão em uma manifestação de protesto, nos Estados Unidos.
Sr. Presidente, o que temos visto no Oriente é exatamente a reação a esse tipo de postura fundamentalista, intolerante, que jamais deveria ter acontecido. Esse filme, produzido por Sam Bacile, desrespeita e agride a figura máxima da doutrina e da crença mulçumana.
Nós, Deputado Luiz Couto, precisamos cultivar o respeito entre as pessoas, entre os povos, entre as nações, entre as diversas crenças, entre as mais variadas formas de religião, porque a religião é o esforço do homem para chegar até Deus. Por trás desse esforço, está sempre a intenção da elevação da espiritualidade, a motivação de o bem fazer.
O que preocupa, Sr. Presidente, além dos aspectos que aqui coloquei, é que são pessoas que não trabalham e não agem sozinhas. Em declaração feita pelo criador desse filme, ele diz: “Este é um filme político. Os Estados Unidos da América perderam muito dinheiro e um monte de pessoas em guerras no Iraque, no Afeganistão, mas estamos lutando com ideias”, acrescentando que o Islã é um câncer perigoso.
Esse filme teria sido feito no ano passado e custou 5 milhões de dólares para ser feito. Os recursos foram obtidos por meio de doações de mais de cem colaboradores, conforme afirmou Bacile.
O que temos visto como consequência dessa atitude impensada, irresponsável e inconsequente, por desrespeitosa, são as reações que têm afetado, atingido embaixadas americanas, que têm promovido e provocado mortes. Permita Deus que essas manifestações e essas consequências encerrem-se por aí.
Sr. Presidente, faço um apelo, da tribuna da Câmara dos Deputados, ao povo brasileiro, aos membros deste Parlamento: que nós estejamos, efetivamente, comprometidos com a construção da cultura da paz e que equívocos como esse possam nos servir como didáticos, como pedagógicos, para que evitemos que situações semelhantes no nosso País, de intolerância, de preconceito e de discriminação, possam, a médio e longo prazos, causar e criar um ambiente favorável a situações como essa, que possam acabar se transformando em violência de toda forma e agressão de todo tipo.
Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.
Muito obrigado e que Deus nos ajude, que Deus abençoe o Brasil!

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