Deputado cobra explicação do Ministério da Justiça sobre denúncia da Veja de estrangeiros nas áreas indígenas da Amazônia

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, enquanto esta Casa, na última semana, teve todas as suas atenções voltadas para a votação da DRU, outros grandes e importantes temas ficaram em segundo plano, entre eles uma grave e preocupante informação trazida pela imprensa e que merece desta Casa uma reação imediata.
A matéria intitulada O SAP da FUNAI, publicada pela revista Veja desta semana, de autoria do jornalista André Eler, traz à tona uma situação muito constrangedora, preocupante e urgente na Região Amazônica brasileira.
A reportagem informa-nos que uma equipe de televisão da Austrália pagou cerca de 7 mil dólares, como se fosse um pedágio, para entrevistar índios da tribo suruwahá. Pasmem! Esse dinheiro teria sido recebido pela Fundação Nacional do Índio, a FUNAI, que negou a prática de cobrar tais ingressos.
O detalhe, Sr. Presidente, é que esses jornalistas estrangeiros chegaram onde nenhum brasileiro, que queira visitar ou pesquisar como vivem os índios isolados, tem autorização para entrar, o que já configura como caso de segurança nacional.
Para causar mais estranhamento, a FUNAI escalou um ex-ativista do Conselho Indigenista Missionário para guiar os jornalistas e ser o tradutor da língua dos suruwahás.
Mas, Sras. e Srs. Deputados, segundo a reportagem, não foi bem isso o que o Sr. Jemerson Azevedo fez. A matéria denuncia que a tradução foi intencionalmente truncada para esconder as práticas de infanticídio realizadas pelos índios na aldeia, fato que foi descoberto semanas depois com a análise das imagens.
Em sua suposta tradução, Jemerson disse que os índios lamentavam o sequestro de uma índia na aldeia. Segundo a matéria, missionários que atendem os índios informaram que se trata, na verdade, de uma mãe que fugiu da aldeia, a fim de evitar a execução de sua filha que nasceu com paralisia cerebral e não por conta do sequestro.
Como já informei em discursos anteriores, Sr. Presidente, pela tradição de algumas tribos indígenas, crianças que nascem com alguma deficiência física – em alguns casos quando gêmeas ou filhas de pais desconhecidos – são consideradas amaldiçoadas e sumariamente executadas pelo seu povo, algumas até enterradas vivas. Uma tradição cultural que se sobrepõe ao direito à vida, mas que, em muitos casos, os índios não têm outra opção senão o sacrifício.
Somos contra essa prática, pois defendemos a vida em todas as suas formas e, com certeza, os povos indígenas também não querem mais dizimar seus filhos e esperam de nós uma reposta, pois temos a certeza de que eles amam cada criança que nasce.
A matéria da Veja traz ainda uma denúncia surpreendente: de que o guia e tradutor Jemerson Azevedo teria dito aos índios que os Deputados Federais planejavam destruir as malocas e matá-los. Diante da falsa revelação, os índios ameaçaram, segundo a reportagem, suicídio coletivo, caso isso acontecesse.
O desvirtuamento da informação tem cunho notadamente terrorista, quando tenta embaçar a discussão do projeto de lei que prevê a punição de brancos que não coíbam a prática de infanticídio nas tribos.
Sr. Presidente, informo que protocolei ontem o Requerimento nº 1.395, de 2011, solicitando informações do Ministério da Justiça sobre a entrada de estrangeiros em áreas indígenas na Amazônia, sobre o pagamento de taxas à FUNAI para entrevistas com índios e sobre a disseminação de mentiras contra as autoridades desta Casa. Nos próximos dias, vou também protocolar representação no Ministério Público Federal e ainda propor que a Polícia Federal investigue o caso.
Solicito, Sr. Presidente, que se registre em todos os meios de comunicação desta Casa a minha preocupação com estes graves acontecimentos e o meu apelo para que o Parlamento tome as providências cabíveis, a fim de evitarmos mal maior.
Que Deus abençoe todos os índios e índias desta Nação e proteja-os dos homens maus.
Que Deus abençoe o Brasil!
Era o que tinha a dizer.

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