Aumento do endividamento dos brasileiros preocupa deputado

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, preocupa-me a situação do nível de endividamento das famílias brasileiras, Deputado Ivan Valente. Não é a primeira vez que ocupo esta tribuna para fazer esse alerta e chamar a atenção de V.Exas. para esse tema.
O orçamento familiar do nosso povo deveria possibilitar, em primeiro plano, uma boa alimentação, saúde, educação, a compra da casa própria, porém, muitos, infelizmente, não conseguem dar conta nem do primeiro item: a alimentação. O acesso à saúde, por sua vez, é caro e cada vez mais ineficiente.
Contudo, Sr. Presidente, dados recentes do Banco Central revelam que o percentual de endividamento dos brasileiros, que estava em 24,94% em janeiro de 2007, pode chegar a 60% da renda anual na chamada classe C, com renda mensal entre 2,5 e 5 salários mínimos. A classe C, de 2005 a 2011, passou a representar 30% da população brasileira.
Trata-se de uma verdadeira armadilha: o incentivo ao consumo, o crédito fácil e os altos juros. E o último ingrediente dessa mistura explosiva, os juros altos, aliados aos curtos prazos de financiamento – se compararmos a mesma situação com a existente em outros países -, agrava ainda mais a situação brasileira, porque o que parece ser, a curto prazo, a realização de um sonho pode se transformar, a médio e longo prazos, num pesadelo terrível.
Observa-se um ciclo nada virtuoso, e o aumento da inadimplência é a prova disso. Segundo dados do Serasa, em 2012, a taxa de inadimplência é a maior dos últimos 9 anos. Muitos, incentivados pelo apelo ao consumo, têm comprometido a sua saúde financeira ou se acostumaram a uma rotina de endividamento.
Nesse cenário em que vivemos, muitos analistas financeiros argumentam que para aquecer a economia é preciso baixar os impostos, a carga tributária, que no Brasil é exacerbada e reflete negativamente na geração de novos empregos e na sustentabilidade econômica das empresas.
O consumo desenfreado não é o único remédio. O que difere, Sr. Presidente, o remédio do veneno é, por vezes, a dose. E já estamos começando a sentir os seus efeitos colaterais. O médico não pode matar o paciente. Os cidadãos não podem se tornar reféns dos bancos.
A crise externa diariamente aponta para um cenário de cautela. Eu não sou contra o consumo. É nosso desejo que a prosperidade chegue a todos os lares do País, que todos tenham seus sonhos realizados. A minha ponderação é sobre os limites desse consumo. Precisamos ser honestos. Alguém precisa alertar a sociedade brasileira acerca das consequências do consumismo e do endividamento. Precisamos ter responsabilidade em relação a esse tema ou a história nos cobrará caro.
A dívida, quando impagável, adoece os ossos, enfraquece a alma, rouba a alegria, aprisiona a paz interior. É como que um castigo! Ninguém merece. A família brasileira não merece esse destino.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
Que Deus abençoe o Brasil!

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