Aprovada a criação de Grupo de Trabalho que vai debater a endometriose na Câmara

Aprovada a criação de Grupo de Trabalho que vai debater a endometriose na Câmara

 

O deputado Roberto de Lucena (PV-SP) conseguiu aprovar nesta quarta-feira (26/06), na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, a criação de um Grupo de Trabalho que vai discutir a falta de políticas publicas de saúde para o tratamento da endometriose – doença que causa a infertilidade na mulher – no Brasil. O objetivo é que o Grupo de Trabalho aborde a doença de maneira ampla levantando dados como números de portadoras, diagnósticos e tratamentos para a doença no âmbito do Sistema Único de Saúde.

De acordo com Roberto de Lucena, essa iniciativa é uma forma de ajudar a construir uma política de saúde pública eficiente e resolutiva para tratar a endometriose. “Já demos o primeiro passo nesse sentido quando realizamos na Câmara uma audiência pública, no inicio do mês, para trazer a doença ao debate”, lembrou. Mas o parlamentar também quer promover a conscientização sobre o impacto da endometriose na vida das mulheres e, consequentemente, na sociedade e no seu ambiente de trabalho. “A endometriose precisa ser reconhecida como uma doença grave”, defende o deputado, ressaltando ser necessário gerar alianças estratégicas entre pacientes, médicos, cientistas e legisladores a fim de tratar com dignidade as portadoras da enfermidade que já acomete milhares de brasileiras. “Hoje, temos informações de que o SUS não está preparado para diagnosticar rapidamente e atender a portadora de endometriose”, lamentou.

Na medicina, a endometriose é definida como a presença, fora do útero, de tecido semelhante ao endométrio, causando uma reação crônica e inflamatória e está associada à dor, subfertilidade e qualidade de vida prejudicada. Essa condição é encontrada, principalmente, em mulheres em idade reprodutiva, de todos os grupos étnicos e sociais.

 

Absenteísmo 

Dados da Sociedade Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE) revelam, ainda, que as pacientes apresentam diminuição da qualidade de vida e redução de suas atividades, gerando problemas psicossociais, frustração e isolamento. Há também um impacto causado pelas perdas de horas de trabalho, o absenteísmo. Por causa da endometriose, muitas mulheres têm se afastado precocemente do mercado de trabalho. Um dos sintomas da endometriose, segundo a medicina, é o sofrimento da mulher com cólicas menstruais incapacitantes. “Ouvi relatos de pacientes que contaram sentir dores terríveis, durante o período menstrual, mas que foram tratadas, durante anos, como uma simples cólica ou manha”, disse o deputado esclarecendo que essas mulheres apresentam, hoje, um diagnóstico de endometriose.

Para o ginecologista e obstetra Maurício Abrão, presidente da Sociedade Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE), é preciso melhorar a qualidade de vida das mulheres com endometriose, por meio da conscientização da sociedade como um todo. “Além disso, precisamos disseminar o conhecimento científico relacionado à doença e criar e aprofundar a interface com órgãos governamentais como o Ministério da Saúde e outras entidades ligadas à saúde da mulher”, destaca.

A endometriose é responsável por 40% dos casos de infertilidade no Brasil, mas apenas um terço das brasileiras associa a doença à dificuldade de engravidar, segundo pesquisa da SBE. O levantamento, feito com cinco mil mulheres com mais de 18 anos, no país, revelou ainda que 88% não sabem como tratar o problema e que 55% não sabem sequer o que é a doença. É importante destacar que a doença acomete mulheres a partir da primeira menstruação e pode se estender até a última. “Infelizmente, o diagnóstico não costuma ser tão rápido por falta de informação e acesso aos serviços de saúde, o que se torna um problema para as mulheres”, ressaltou o deputado.

 

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