66 anos do fim do Holocausto

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o mundo assinala, em 2011, o 66º aniversário do fim do holocausto, anunciado no dia 27 de janeiro de 1945, quando tropas aliadas libertaram o campo de concentração e extermínio de Auschwitz, na Polônia. O genocídio de 6 milhões de judeus, programado e executado com cruel eficiência, deixou dolorosas lições para a humanidade – infelizmente, nem sempre levadas em conta no presente, pois a paz duradoura ainda parece um sonho longínquo.

Em Auschwitz, foram encontrados em torno de 7.500 sobreviventes, centenas de milhares de roupas masculinas e femininas e 7,7 toneladas de cabelo humano. Essa aparente contradição entre os números representava, na verdade, um pavoroso testemunho das atrocidades lá cometidas, pois se calcula que só naquele campo tenham morrido, de fome, por doença ou nas câmaras de gás, entre 1,1 e 1,5 milhão de pessoas.

O distanciamento histórico não afasta o sombrio espanto com que ainda hoje recebemos esses relatos, mas nos permite refletir com mais clareza sobre tudo o que aconteceu.

O antissemitismo já se espalhava por diversos países europeus no final do século XIX e início do século XX, sem que recebesse um basta dos governos e da sociedade em geral. Entre as duas guerras mundiais, esse ambiente foi incentivado, na Alemanha, pela propaganda nazista, gerando perseguições e violência, e a partir de 1941 a destruição dos judeus tornou-se uma política de estado nas áreas ocupadas, envolvendo assassinatos em massa, criação de campos de concentração e imposição de trabalhos forçados, entre outros crimes.

Eis aí uma das grandes lições do holocausto: é preciso cultivar sempre o respeito humano e a aceitação das diferenças, dizendo não à intolerância e à segregação mesmo quando ainda se expressam de forma supostamente menos agressiva. Se aceitos, se tratados como processos normais ou eventuais numa sociedade, o ódio e a segregação invariavelmente avançam para a violência e em grau cada vez mais desumano.

A propósito disso, no ano passado, a Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (conhecida pela sigla FRA) divulgou o relatório de um estudo pioneiro em torno do papel que museus, locais históricos e escolas desempenham no ensino sobre o holocausto.

A principal constatação do estudo foi que só raramente a abordagem das atrocidades cometidas sob o nazismo dá lugar a um debate efetivo sobre direitos humanos. Ou seja, em geral, o que se transmite não chega a deixar claro como e o quanto as lições do holocausto são pertinentes ainda no século XXI.

Isso não deveria ocorrer, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados!

O holocausto foi até hoje um momento de terror único na história, pela escala, pelo gerenciamento e pela implementação, mas a garantia de que não se repetirá só pode vir da certeza de que a humanidade aprende e compreende suas lições.

Foi o que concluiu, aliás, a Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia. Com base no relatório, a entidade sugeriu aos países-membros mais cuidado na integração do ensino do tema do holocausto com as questões de direitos humanos, preparação de material específico e habilitação de pessoal com esse objetivo.

O horror nazista deve ser lembrado em toda a sua extensão, mas não apenas como um terrível e já um pouco distante momento histórico. É preciso também retirar dele todos os ensinamentos para, em contraposição, valorizar a tolerância, a convivência pacífica, o acatamento das diferenças.

Contra a repetição do holocausto, cabe aos homens de bem e aos países civilizados promoverem permanentemente a cultura da paz.

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