Metade das brasileiras desconhece a endometriose, revela pesquisa

Por Portal DHoje Interior
A Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira (15/04), a criação do Dia Nacional da Luta contra a Endometriose (8 de maio). A medida está prevista no Projeto de Lei 6215/13, do deputado federal licenciado Roberto de Lucena

Saúde - A veterinária Mariana Silva Pagotto, de 39 anos, descobriu que tinha endometriose há oito anos (Foto: Raphael Costa)

Saúde – A veterinária Mariana Silva Pagotto, de 39 anos, descobriu que tinha endometriose há oito anos (Foto: Raphael Costa)

Uma em cada dez brasileiras sofre de cólicas fortíssimas e tem dificuldades na hora da relação sexual e engravidar. Mais da metade delas não sabe, mas sofre de endometriose, ou a “doença da mulher moderna”. A boa notícia é que, com diagnóstico precoce e o tratamento correto, ajuda no controle da doença.

A endometriose afeta cerca de 176 milhões de mulheres no mundo, sendo seis milhões só no Brasil. No entanto, a doença ainda é desconhecida para 53% das brasileiras. É o que revela uma pesquisa realizada com 10 mil mulheres, com idade acima de 18 anos, em dez capitais brasileiras (Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador).

A funcionária pública Adriana Alves Pinceli, de 28 anos, conta que descobriu o problema há mais de dez anos. Segundo ela, ela sofria todo o mês, com crises hemorrágicas e muita cólica durante o período de menstruação e resolveu procurar um ginecologista.

“Eu insisti com meu médico da época para fazer uma investigação e ele solicitou uma ressonância magnética e neste exame foi detectada a endometriose. Assim que peguei o resultado do exame, procurei uma especialista em São Paulo que solicitou um ultrassom com preparo intestinal e mais uma ressonância, feito isso, foi sugerido uma cirurgia de videolaparoscopia e medicamentos”, conta.

Já a veterinária Mariana Silva Pagotto, de 39 anos, diz que sofreu com o problema há oito anos e após seis anos, descobriu que tinha a doença. “Após a descoberta, fiz a cirurgia por vídeo na semana seguinte e como não existe tratamento curativo, teve que evitar a menstruação. Como não adaptei a anticoncepcional contínuo, meu médico sugeriu o “dispositivo intrauterino” (DIU) que tem validade de cinco anos. Pra mim, está sendo ótimo e já estou no segundo DIU e me adaptei muito bem”, afirma.

Ginecologista fala sobre os sintomas da doença

Segundo a ginecologista e obstetra Lívia Adriano Vieira, as mulheres precisam prestar atenção em alguns sinais que a doença demonstra. “Entre os sintomas estão dismenorréia (cólica menstrual) de caráter progressivo e que não responde aos analgésicos comuns, dispareunia de profundidade (dor durante a relação sexual), infertilidade e dor pélvica mesmo fora do período menstrual. Existem outros sintomas que podem aparecer numa fase mais avançada da doença: como sangramento na urina e nas fezes e dificuldade para evacuar”, afirma a médica.

Segundo a ginecologista existem várias formas de tratar a doença. “O tratamento da endometriose vai depender da gravidade do quadro e deve ser individualizado para cada paciente. O tratamento inicial e que deve ser seguido pelo resto do período reprodutivo da mulher é a manutenção da amenorréia (ficar sem menstruar). Isso pode ser conseguido com anticoncepcionais orais combinados, anticoncepcionais somente de progesterona, dispositivo intrauterino (DIU), de progesterona e análogos de GnRH. Sendo a cirurgia (de preferência laparoscópica) indicada em casos de doença avançada, sintomas não responsivos ao tratamento clínico e infertilidade.

A cura da endometriose não é garantida com nenhum tratamento descrito até o momento. Há um controle dos sintomas e prevenção de formação de novos focos. Mas enquanto a mulher estiver no seu período reprodutivo (até a menopausa) novos focos podem surgir.

Segundo a Sociedade Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva, a doença é responsável por 40% dos casos de infertilidade no país, mas apenas 1/3 das brasileiras associa a dificuldade de engravidar à endometriose. De acordo com a médica, “Existem vários fatores que levam à infertilidade. Dentre os fatores femininos, temos a doença inflamatória pélvica, obstrução tubárea, sequelas de tuberculose pélvica, endometrite, síndrome dos ovários policísticos e casos em que nenhum fator é encontrado (Infertilidade Sem Causa Aparente).

Fonte: Letícia Cardozo – Redação jornal DHoje Interior

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